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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

outro poema de Alvares de Azevedo por IVAM EVALDO KUSSLER IVAN

POESIA POR IVAM EVALDO KUSSLER

IVAN KUSSLER CITA FONTES


ÁLVARES D'AZEVEDO




MORRER, de vida transbordando ainda,
Como uma flor que ardente calma abrasa!
Águia sublime das canções eternas:
Quem no teu vôo espedaçou-te a asa?



Quem nessa fronte que animava o gênio,
A rosa desfolhou da vida tua?
Onde o teu vulto gigantesco? Apenas
Resta uma ossada solitária e nua!



E contudo essa vida era abundante!
E as esperanças e ilusões tão belas!
E no porvir te preparava a pátria
Da glória as palmas e gentis capelas!



Sim, um sol de fecunda inteligência
Sobre essa fronte pálida brilhava,
Que à face deste século de indústria
Tantos raios ardentes derramava!



E pôde a morte destruir-te a vida!
E dar à tumba a tua fronte ardente!
Pobre moço! saudaste a estrela d’alva,
E o sol não viste a refulgir no Oriente!



Morrer, de vida transbordando ainda,
Como uma flor que ardente calma abrasas!
Águia sublime das canções eternas:
Quem no teu vôo espedaçou-te a asa?



Voltaste à terra só - Não morrem Byrons,
Nem finda o homem na friez da campa!
Homem, tua alma aos pés de Deus fulgura,
Teu nome, poeta. no porvir se estampa!



Não morreste! estalou a fibra apenas
Que a alma à vida de ilusões prendia!
Acordaste de um negro pesadelo,
E saudaste o sol do eterno dia!



Mas cá fica no altar do pensamento
Teu nome como um ídolo pomposo,
Que a fama com o turíbulo dos tempos
Perfuma de um incenso vaporoso!



E ao ramalhete das brasílias glórias,
Mais uma flor angélica se enlaça,
Que a brisa ardente do porvir passando
Trêmula beija e a murmurar abraça!



Byron da nossa terra, dorme embora
Envolto no teu fúnebre sudário,
Murmure embora o vento dos sepulcros
Junto do teu sombrio santuário.



Resta-te a c’roa santa de poeta,
E a mirra ardente da oração saudosa,
E pelas noites calmas do silêncio
Os séculos da lua vaporosa!



Ela te chora, e ali com ela a pátria,
Pobre órfã de teus cânticos divinos,
E das brisas na voz misteriosa,
Da saudade da dor sagram-te os hinos!





Dorme junto de Chatterton, de Byron,
Frontes sublimes, pra sonhar criadas,
Almas puras de amor e sentimento,
Harpas santas, por anjos afinadas!





Dorme na tua fria sepultura
Guarda essa fronte vaporosa, ardente,
Tu, que apenas saudaste a estrela-d'alva
E o sol não viste a refulgir no Oriente!
FONTE: http://www.olivro.com/machado/poemas/#P_04

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